quarta-feira, 13 de julho de 2011

buzio

O BÚZIO

É uma concha marinha composta de duas faces: dianteira e traseira. A face dianteira contém uma fenda dentada de cima a baixo. A qual podemos chamar de boca. Segundo a totalidade dos babalaôs, é a parte falante do jogo. A face traseira, originalmente fechada, é aberta para propiciar o equilíbrio e a queda do búzio em duas posições , aberto e fechado, com idênticas probabilidades. Há quem diga que o uso do búzio pela parte aberta manualmente é próprio das mulheres, e o uso da parte aberta naturalmente é próprio dos homens.

Os búzios são denominados OWO EYO, que em certa época, eram utilizados como dinheiro. Há outros, um pouco menores, denominados OWÓ ÈRÒ, que são os mais usados.

De acordo com os mitos, a adivinhação pelos búzios foi introduzida pelo Orixá Oxum. Oxum começou a adivinhar para os clientes de Orúnmilà quando ele estava ausente. Os búzios também são chamados de CAURIS, palavra que vem de KAURI, da língua hindustani, e valeram como moeda na china desde o segundo milênio AC. Passaram para a África , e , no Congo, eram denominados NIIMBU, e aqui foram chamados pelos indígenas de jinbo ou zinbo. Outros grupos faziam braceletes e colares com eles , devendo, naturalmente, atribuir-lhes efeitos mágicos e terapêuticos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

ÌYÉ ORÒ – AS PENAS SAGRADAS.
Ìkódíde, Agbè, àlùkò e Lékeléke são as quatros penas sagradas de nossa religião, somente sendo utilizadas dentro da ritualística e nunca como um simples adorno. Elementos primordiais e indispensáveis dentro dos Ìgbèrè – Ritos Iniciáticos e de Passagens de qualquer divindade do Panteão Iorubá. Não existem penas semelhantes, são únicas em sua essências simbologia e significado, ou seja, são insubstituíveis. Dentro do Corpo Literário de Ifá são mencionadas nos mais diversos Oba Odú e seus Omo Odú.


(ekodidé)


KÓDÍDE ou ÌKÓÓDE trata-se de uma pena vermelha, extraída da cauda de um tipo de papagaio africano da espécie Psittacus erithacus conhecido popularmente por papagaio-cinzento, papagaio-do-Gabão ou papagaio-do-congo entre o povo iorubá é denominado de Odíde ou Odíderé Tornou-se Rei entre todas as aves, simbolo da fecundação, da menstruação, da gestação, representa o nascimento e o simbolo do poder feminino. Representação da realeza, honra e status, esta acima da simbologia do Adé – Coroa. Fixado a frente da cabeça, representa o processo iniciático e confirma os ritos de iniciação e/ou de passagem.




AGBÈ pena azul extraída da cauda da ave africana Turaco da família dos sophagidae Touraco porphyreolophus. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para OlokunDivindade dos Oceanos.Para que possa agir tem que ser utilizada em comtrapartida com o Àlùkò.





ÀLÙKÒ pena de cor púrpura(entre escarlate e violeta) extraída das asas da ave africanaTuraco da família dosMusophagidae Touraco ruspolii. Descritos nos mitos, como o pássaroque carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – A Divindade das Águas Doces. Da mesma forma que sua contrapartida, somente age em companhia do Agbè.


( garça)

LÉKELÉKE pena de cor branca, extraída da ave Bubulcus ibis conhecida popularmente por garça-vaqueira ou garça-boieira, nativa da África e do Sul da Europa, que invadiu a América do Norte no início do Século XX e atingiu o Brasil na década de1960. Descritos nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Òrìsà Nla e toda a sua corte.
Simbolo por excelência de todos os Òrìsà Funfun
Um fragmento do Texto Sagrado de Ifá:
Agbè ni i gbe're k'Olòkun,
Àlùkò ni i gbe're k'Olòsa,
Odíderé-Moba-Odo Omo Agbegbaaje-ka ni naa ni i gbe're k'Oluwoo.
O pássaro Agbè carrega a benção de Olòkun
O pássaro Àlùkò carrega a benção de Olòsa
O papagaio do Rio Mogba, descendência de um poderoso exército carrega uma cabaça com a fortuna para o Rei de Iwó
Os pássaros Agbè e Àkùkò são agentes intermediários entre o poder da imensidão das águas.
Oluwoo é um título do Rei de Iwó a Legendária Cidade, reduto da ave Odíderé.
Ojúure l'Agbè fi í w'aró
Agbè won jí t'aró t'aró
Ojúure l'Àlùkò fi í w'osùn
Àlùkò won jí t'osùn t'osùn
Ojúure l'Lékeléke fi í w'efun
Lékeléke won jí re pel'efun
O pássaro Agbè desperta com aró
O pássaro Agbè olha com bondade para aró
O pássaro Àlùkò desperta com osùn
O pássaro Àlùkò olha com bondade para osùn
O pássaro Lékeléke desperta com efun
O pássaro Lékeléke olha com bondade para efun
Agbe ló l’aró, kìí rá’hùn aró
Àlùkò ló l’osùn, kìí rá’hùn osùn
Lékèélékèé ló l’efun, kìí rá’hùn efun
O pássaro Agbè não se lamenta por muito tempo ao aró
O pássaro Àlùkò não se lamenta por muito tempo ao osùn
O pássaro Lékèélékèé não se lamenta por muito tempo ao efun
Neste fragmento dos Textos Sagrados de Ifá relata a ligação das aves
Agbè, Àlùkò e Lékeléke com a pinturas sagradas aró, osùn e efun. Essa expressão “despertar” tem a conotação de “ao amanhecer de cada dia” as aves sagradas carregam em si o poder e a essência de três dos quatros Oba Odú primordiais da existência universal; Ogbè Méjì relacionado com o efun, Òyèkú Méjì e sua relação com o osùn e ligação de Ìwòri Méjì com o aró. O fato de não se “lamentar por muito tempo” está baseado em uma oferenda cujo o qual os principais ingredientes são as penas e as pinturas citadas.

Ojúure lògbólógbòó Odíderé fi í w'Iwó
Ìkódíde àse kun be aràiyé
O grande e velho papagaio olha com bondade para Iwó.
O poder da pena Ìkódíde enche de suplicas os seres deste mundo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

ori


Orí na linguagem YORUBÁ significa “cabeça” , nós aprendemos que o ORI é aquilo que controla o destino de toda pessoa.
O ORI é a sede principal do ASÉ de seu ORISÁ, e também, é a sede principal dos atos do ser humano. Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.

O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições.
Como foi dito, nossos ORI espirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE - APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.

Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida.
O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.
Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem.
IWA RE LAYE YII NI YOO DA O LEJO, ou seja, - "Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você".

Ebori é uma cerimônia bastante conhecida e significa um ritual de "dar comida ao orí de alguém", com o objetivo de fortalecer, concertar desarmonias, equilibrar alguém. Muitas pessoas têm um certo receio de fazer um EBORI numa determinada casa de Candomblé pois pensa que ficará obrigada a um compromisso definitivo com aquela casa.
Isso NÃO É verdade, pois o EBORI jamais vincula a pessoa com a casa de Candomblé.
Qualquer ser humano pode tomar um ebori sem necessariamente vincular-se ao local que lhe fez a oferenda ou ao compromisso de ter que freqüentar o culto ou se tornar um iniciado. Claro que pode ter aquela situação onde alguem faça uma pressao para que a pessoa se filie a casa, mas dai vai de zelador para zelador ORI O ORI O
ORI MI O!
SE RERE FUN MI!
MEU ORI!
SE ALEGRE COMIGO!

Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: "... OGUN chamou ORI e perguntou-lhe, "Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?'...”. Sem receio podemos dizer, "ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA", ou seja, "Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA" e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que " KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI", significando, "... Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI...”.

Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida, podemos dizer, "ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha para você", trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORI resistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.

Esta é a razão pela qual o EBORÍ, forma de louvação e fortalecimento do ORI utilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade.

No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “... Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!...".
É um oriki dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz:
"ORI MI
MO KE PE O O
ORI MI
A PE JE
ORI MI
WA JE MI O
KI NDI OLOWO O
KI NDI OLOLA
KI NDI ENI A PE SIN
LAYE
O, ORI MI
LORI A JIKI
ORI MI LORI A JI YO MO LAYE"

TRADUÇÃO

Meu ORI
Eu grito chamando por você
Meu ORI,
Me responda
Meu ORI,
Venha me atender
Para que eu seja uma pessoa rica e próspera
Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem
Oh, meu ORI!
A ser louvado pela manhã,
Que todos encontrem alegria comigo"

ebó

Os Ebós são uma série de rituais que visam corrigir várias deficiências na vida de um ser humano (saúde, amor, prosperidade, trabalho profissional, equilíbrio, harmonia familiar, etc.). A composição de cada ebó depende de sua finalidade e seus componentes irão desde bebidas, frutas, folhas, velas, adornos, alimentos secos , mel, dendê, louças, artefatos de barro ou ágata.
Os EBÓS têm grande importância para o orisa. Eles são como uma súplica para se alcançar uma graça.
Mesmo os ebós mais simples de serem feitos envolvem um profundo conhecimento dos fundamentos pois absolutamente nada pode sair errado ou desconsiderado.
É de total obrigação de um zelador de orisa deve neste momento saber escolher e adquirir os alimentos e presentes que compõem o ebó.
Fora isso, quando um zelador de orisa está na cozinha do santo (que deverá estar muito limpa e na mais perfeita ordem)o zelador deverá estar completamente tranquilo, cabeça coberta, preparando os alimentos tirando as rezas, e sem nenhum tipo de interrupção.
Na cozinha impecavelmente limpa, a cozinha está em um momento “especial” , focada no seu trabalho e nos fundamentos específicos do orisa para o correto preparo daquele ebó
Muitas vezes também acontece do próprio ORISÁ que vai receber aquele ebó irradiar suas energias” no zelador e solicitar alguma alteração em determinada preparação.
Mas o maior problema está na hora de “arriar um ebó”, pois esta é uma ação ritualística, um processo detalhado de aproximação e de maior troca de energias com o ORISÁ. Somente as pessoas iniciadas na religião é que podem e devem fazê-lo pois arriar um ebó envolve um conhecimento muito profundo do lugar, do dia e da hora que isso deve ser feito.
Eu sempre costumo dizer que “arriar um ebó” significa perpetuar a troca do ASÉ entre os dois mundos, o sagrado e o profano. É a parte dinâmica das transferências entre o ORISÁ e a pessoa que necessita aquele ebó.

domingo, 12 de junho de 2011

Na mitologia, há menção de 600 orixás primários, divididos em duas classes, os 400 dos Irun Imole e os 200 Igbá Imole, sendo os primeiros do Orun ("céu") e os segundos da Aiye ("Terra").

Numa explanação livre dos versos desses Contos, no que se refere ao Imole Osetuwa, podemos ler que quando os Imole vieram à Terra para coadjuvar Obatala e Oduduwa a reger a Criação, OLORUN ensinou-lhes tudo quanto precisavam saber para que a vida na Terra fosse Odara ou "Feliz".
Mas, apesar de os Imole fazerem tudo quanto lhes tinha sido prescrito por OLORUN, sobrevieram na Terra todos os tipos de desgraças, sobretudo uma terrível e prolongada seca.
Os Imole reuniram-se e chegaram à conclusão de que os fatos desastrosos estavam além da sua compreensão e que deveriam mandar alguém, sábio e instruído, à presença de OLORUN para que Este lhes mandasse a solução dos problemas que afligiam a Terra, agora sob o risco de total desaparecimento.
Orunmila, o Orixá da Divinação Sagrada, partiu nessa missão e data daí o fato de que ele passou a ser um dos três Imole que podem apresentar-se perante OLORUN e suportar-Lhe o esplendor. Ao lhe ser permitido facear OLORUN, Orunmila ouviu Dele que a razão para todas as desgraças que assolavam a Terra estava no fato de que eles, os Imole, não haviam convidado para morar no Ode Aiye, ou seja, a "moradia dos Imole na Terra", ao Ser que se constituía no décimo sétimo dentre eles. Quando assim o fizessem, tudo voltaria a frutificar!
E foi assim que Orunmila tornou-se o "Arauto de OLORUN" para a ligação dos dois mundos, o Orun ou "Além" e o Aiye ou "Terra". Retornando ao Ode Aiye, Orunmila começou a procurar pelo "décimo sétimo", o qual deveria ser convidado a morar com eles.
Depois de muitas tentativas infrutíferas, decidiram que uma poderosa Aje ou "Senhora do Feitiço" - a Ebora Osum - deveria conceber um filho de Oso ou "Senhor do Poder Mágico", filho esse que receberia, ainda no ventre materno, o Ase ou "Força Mágica" de todos os Imole por imposição conjunta de suas mãos, para que se transformasse assim no Mensageiro por excelência das Oferendas dos Imole e se acabassem as desgraças que assolavam a Terra.
Assim foi gerado um filho do "Feitiço com o Poder Mágico", o qual recebeu o nome de Osetuwa e este novo Orixá Gerado passou a tentar cumprir o seu dever de mensageiro, mas sem obter absolutamente nenhum sucesso!
Até que um dia, em aflição, lembrou-se de procurar o quase desconhecido Imole Esu Odara ou "Eshu da Felicidade", para pedir-lhe conselhos e ajuda.
E Osetuwa dirigiu-se a Esu Odara e pediu-lhe a ajuda para levar as Oferendas dos Imole a OLORUN. E Esu Odara respondeu a Osetuwa:
-" Como??? Jamais pensei que você viesse me avisar antes de partir!
Por este seu gesto, hoje o Orun lhe abrirá as portas."-
E, então, Osetuwa e Esu Odara puseram-se a caminho e partiram em direção aos portões do Orun. Quando lá chegaram, as portas já se encontravam abertas!
Osetuwa, então, pôde entregar as Oferendas dos Imole a OLORUN e Este, aceitando-as por virem através de Imole Esu, deu a Osetuwa ..."todas as coisas necessárias à sobrevivência do Mundo". Osetuwa voltou ao Aiye ou "Mundo Material" e tudo frutificou novamente!
Tão gratos lhe ficaram os Imole que o cobriram de presentes e o celebraram como o único dentre eles que conseguira levar as Oferendas ao Orun. Mas Osetuwa, com humildade, levou todos os presentes que recebera e deu-os todos a Esu Odara.
Quando os deu a Esu, o mesmo disse:
-“Como??? Há tanto tempo eu entrego os sacrifícios
e nunca houve ninguém para retribuir-me a gentileza!"-
-“Você, Osetuwa, todos os sacrifícios que eles fizerem sobre a Terra,
se não os entregarem primeiro a você
para que você os possa trazer a mim,
farei com que as Oferendas não sejam aceitas!"-
E foi assim que Osetuwa tornou-se em um poderoso Akin Oso ou "Manipulador do Poder", duplamente por seu nascimento e pela confirmação de Imole Esu Odara, por ter mostrado a todos os Imole que Esu era realmente o Osije ou "Mensageiro Divino" e que também tinha o poder de aceitar ou recusar os sacrifícios rituais porque era o verdadeiro Eleru ou "Senhor da Obrigação Ritual".
A partir de então, os seiscentos Imole decidiram dar ao Imole Esu um “pedaço de suas próprias bocas” para que ele pudesse falar por todos, quando fosse perante OLORUN, pois era patente que ele era o outro Imole, além de Orunmila, que podia apresentar-se perante OLORUN. Imole Esu, muito sabiamente, “uniu todos esses pedaços em sua própria boca” e assim tornou-se o Enu Gbarijo ou "Boca Coletiva" de todos os Imole.
Desde então, como retribuição de Esu aos outros Imole, cada um destes possui ao seu lado o seu Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", o "Mais Um", a quem ambos delegam os seus poderes. Desta forma, por delegação espontânea de todos os Imole, Esu tornou-se também o Elegbara ou "Senhor do Poder Mágico". E como toda a Criação é também regida pelos Imole, todo o Ser vivente no Aiye ou "Mundo", assim como possui o seu Olori, ou seja, o seu Orisa ou sua Ebora, que são o "Senhor" ou a "Senhora" de sua Ori ou "Cabeça", também tem que ter o seu Esu Bara ou "Esu do Corpo", pois Bara vem de Oba=Senhor + Ara=Corpo.
Isto explica muitas coisas que são atribuídas nos cultos afro-brasileiros a Exú, pois que ele é responsável pela natural atividade sexual, que é um atributo do corpo, pois sem ela não há procriação, que é multiplicação e abundância, quer seja vegetal, animal ou humana.
E, para isso, Imole Esu, sendo o Elegbara e o Bara, recebeu de OLORUN os instrumentos-símbolos desta sua ação dinamizadora e frutificadora:
- o Ado Iran, a Cabaça arredondada de longo pescoço, o recipiente de poder mágico que contém inesgotável Ase ou Força Mágica, bastando ser apontada a um objetivo para emanar e propagar esse poder mágico;
- o Gorro ou Penteado tradicional em coque de ponta alongada e caída, terminada na forma da glande peniana humana, símbolo da Reprodução.
Daí ser o pênis humano, em ereção, uma de suas mais populares e ancestrais representações, feitas em pedra, como as da localidade africana de Tondediru, ou, mais simplesmente, modeladas em barro à beira dos caminhos. E este foi, como já dissemos no início, um dos aspectos de Imole Esu que mais escandalizou os missionários de outras religiões, que então dispararam contra ele todas as suas “armas”.
Nunca atentaram para o fato de que em nenhum dos milhares de Versos de Contos de Ifá, Imole Esu jamais - repitamos - jamais assume a função de procriador e mais: suas diversas formas multiplicativas têm por origem a divisão do seu próprio Ser em “milhares” de partes pela espada de Orunmila.
Mas Imole Esu tinha uma outra função capital que despertou o interesse dos catequistas das novas religiões, que nela viram a oportunidade otimizada para a destruição de sua importância entre os Iorubás: a sua função de Executor Divino.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

 Mo ju iba, Esu Oba Baba awon Esu! Iba se, o!
Saudações, Esu Senhor e Pai de todos os Esus
Que esta homenagem se cumpra!     -"O ar e as águas moveram-se conjuntamente e 
uma parte deles mesmos transformou-se em lama.
Dessa lama originou-se uma bolha ou montículo,
a primeira matéria dotada de forma,
um rochedo avermelhado e lamacento.
OLORUN admirou esta forma e soprou sobre o montículo,
insuflando-lhe Seu Hálito e lhe deu vida.
Esta forma, a primeira dotada de existência individual,
um rochedo de Laterita,
era Esu Yangi."-      ( Peço licença para falar de seus 16 atributos ligados ao culto de ifá )        
Esu Yangi - o Senhor da Laterita Vermelha
Esu Agba - o Senhor Ancestral
Esu Igba Keta - o Senhor da Terceira Cabaça
Esu Okoto - o Senhor do Caracol
Esu Oba Baba Esu - o Rei e Pai de todos os Eshus
Esu Odara o Senhor da Felicidade
Esu Osije o Mensageiro Divino
Esu Eleru o Senhor da Obrigação Ritual
Esu Enu Gbarijo o Senhor da Boca Coletiva
Esu Elegbara - o Senhor do Poder Mágico
Esu Bara - o Senhor do Corpo
Esu L'Onan - o Senhor dos Caminhos
Esu Ol'Obe - o Senhor da Faca
Esu El'Ebo - o Senhor das Oferendas
Esu Alafia - o Senhor da Satisfação Pessoal
Esu Oduso - o Vigia dos Odus===   ESTES  sao os  16 esus. Pouca semelhança entre estes nomes e aqueles que, hoje em dia, se lhe atribuem? Paciência! Somem a estes nomes 350 anos de guerras, escravidão, aculturação por sobrevivência e catequese forçada "goela abaixo" dos vencidos e chegaremos facilmente, com o devido respeito, às "Tronqueiras" e à troca de nomes do "Senhor da Laterita" por "Exú do Lodo", o "Senhor dos Caminhos" por Exú "Tranca-Ruas" e o "Senhor do Corpo" por "Exú Caveira", como veremos a seguir. Assim, tendo visto as denominações, vejamos agora as qualificações. 
Esu Yangi é a sua primeira forma mais importante e a que lhe confere a qualidade de Imole ou "Divindade", pois nos Ritos da Criação, segundo o Credo Iorubá:   Assim, fica claro que Imole Esu foi criado diretamente por OLORUN, mas não da própria e primordial matéria divina, da qual Ele já havia feito Obatala e Oduduwa, o Casal Divino, mas sim daquela matéria que iria formar toda existência genérica subseqüente, ou seja, a Eerupe ou "Lama", da qual seria criada também toda a Humanidade que um dia Ebora Iku ou a "Morte" devolverá a essa mesma lama. 
Então, Imole Esu é o primeiro Ser criado da Existência Genérica e o símbolo por excelência do Elemento Criado. Por isso ele é chamado também de Esu Agba ou "Eshu Ancestral". Assim, os seus assentamentos ou sacrários mais antigos e tradicionais eram um simples pedaço de Laterita vermelha enfiado no solo, na Orita Meta ou "Encruzilhada de Três Caminhos". Algumas vezes, a Laterita vermelha estaria cercada por 7, 14 ou 21 hastes de ferro, mas deste metal bem enferrujado que é o "esqueleto" do metal novo.
Como os mitos da Criação, segundo os Iorubás, demonstram que Imole Esu foi criado logo após Obatala e Oduduwa por OLORUN, ele é, portanto, o Igba Keta ou a "Terceira Cabaça" ou o "Terceiro Criado", sendo símbolo da Existência Diferenciada e, em conseqüência, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento. Nesta variante múltipla, ele é o princípio dinâmico que participa forçosamente de tudo o que virá a existir. 

E assim foi-se processando a Criação  Os Orisirisi Esu continuam contando como Imole Esu logo descontrolou-se e começou a devorar toda a existência, sendo obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta; entretanto, tudo em maior quantidade, muito melhor e mais perfeito do que quando o ingerira. 
E, tendo sido picado em milhares de pedaços pela espada de Orunmila, transformou-se no "Mais Um" ou o "Um multiplicado pelo Infinito", no Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o Infinito e no qual os Iorubanos conceituavam o crescimento e a multiplicação.
Desta forma, Esu Yangi também multiplicou-se “infinitamente" e, tendo se tornado no símbolo da restituição e da recomposição, tornou-se ele próprio no Oba Baba Esu ou "Rei" e o "Pai" de todos os outros Imole Esu que dele seriam e foram "cortados” e que para sempre acompanhariam os Imole e todos os mortais. 

Os Ese Itan Ifa ou "Versos dos Contos de Ifá", contam-nos a razão da denominação das outras variantes múltiplas de Imole Esu      (Ainda a muito para falar, claro que tenho de agradecer aqueles que chegaram antes e compilaram esses textos, mas é uma forma de mostrar  sobre os imoles (orixas) e ainda tem muito sobre exu, amanhã falo mais.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O JOGO DE BÚZIOS

 
Ifá, é o nome de um Oráculo africano. É um sistema de adivinhação que se originou na África Ocidental entre os Yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon e Afa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros Orixás.
O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas é praticado entre os adeptos do Candomblé no Brasil através do Culto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.  O Orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado frequentemente Agbonniregun ("Aquele que é mais eficaz do que qualquer remédio"). Em caso de dúvida Ifá é consultado pelas pessoas que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens, negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso.  Orunmilá é o orixá e divindade da profecia. Ifá é o nome do Oráculo utilizado por Orunmilá.   

O JOGO DE BÚZIOS
Como será meu dia de amanhã?

Se eu fizer o que pretendo, qual será o resultado?

Desde que o mundo é mundo que o homem tem necessidade de saber algo sobre o seu futuro. Dentro do Candomblé, a modalidade do jogo de búzios é a mais conhecida (O búzio é uma concha do mar encontrado em praias litorâneas).

O jogo de búzios é um aprendizado de conhecimentos preciosos em que a memória exerce um papel muito importante, ou seja, é lá na memória ou cabeça, que se vai guardar uma enorme série de histórias, lendas e caídas que decifram, segundo a tradição yorubá, a vida de uma pessoa.

Na Nigéria, o jogo de búzios recebe o nome de Merindilogún, ou seja, o "JOGO DOS DEZESSEIS". O processo do jogo de búzios consiste no seguinte: Os búzios são lançados sobre uma toalha ou peneira conforme a nação daquele Babalorixá ou Yalorixá que está jogando. A posição em que os búzios caem é que dará as indicações necessárias solicitadas pelos consulentes. Portanto, cabe ao Babalorixá ou Yalorixá interpretar as caídas e passar para os consulentes as mensagens do jogo.

sábado, 14 de maio de 2011

Kó sí èyí ti yóò móo jeun              Não existe ninguém que coma
Tàbí yóò móo se igúnwà ti kó    Ou esteja instalado com realeza
Ni fi ti èsù síwájú.                     Sem que haja recorrido a Esú primeiro.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

um pouco sobre nossos maravilhosos ancestrais

Pretos-Velhos  

                                                                            História
As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.
Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:
Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.
Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as guerras e fazendo dos vencidos escravos.
No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.
Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e malês.
A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro; em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.
Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em troca de seu trabalho os negros recebiam três "pês": Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A "macumba" era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi (protegido de Ogum).
Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.
A Legião de espíritos chamados "Pretos-Velhos" foi formada no Brasil, devido a esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.
Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.
Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego. Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.
Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas amadurece.
Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor, como sempre acontece.
O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.
Formação da Falange dos Pretos-Velhos na Umbanda
Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos das tribos a que pertenciam.
Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.
O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).
O Nomes dos Pretos-Velhos
Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que cognominamos "A Idade das Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a velha norma: contra a força não  há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.
As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D'Angola).
O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência, compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é o conselho.  É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os "Psicólogos da Umbanda".
Eis aqui, como exemplo, o nome de alguns Pretos-Velhos:
Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João ,Pai Congo, Pai José D'Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim, Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D'Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas, Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai Tomé, Pai Malaquias, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica, Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra, Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita.
  Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais “velhos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).
Atribuições
Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os conceitos de karma e ensinar-lhes resignação
Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.
Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um Pretos-Velhos.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece???".
Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda.
O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.

1012A Mensagem dos Pretos-Velhos
A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.
Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".
Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos...
Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.
Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida:
"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano).
Características:  
Linha e Irradiação
Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente.
Fios de Contas (Guias)
Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.
Roupas
Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha.
Bebida
Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).
Dia da semana: Segunda-feira
Chakra atuante: básico ou sacro
Planeta regente: Saturno
Cor representativa: preto e branco;
Saudação: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)
Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.
Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.
Cozinha Ritualística
Tutu de feijão preto
Mingau das almas
É um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.
Bolinhos de tapioca
 Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.
Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda, rapadura, fumo de rolo, etc.
Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à mineira e farofa.
Formas Incorporativas E Especialidade Dos Pretos-Velhos:
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito.  A vibração começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão.  Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá, etc...) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos encontrar alguns que se mantém em pé).
É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas com movimentos dos ombros quando sentados.
Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar.  Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. 
A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:
 Pretos-Velhos De Ogum
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando segurança para aqueles indecisos e "medrosos".  É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.
 Pretos-Velhos De Oxum
São mais lentos na forma de incorporar e até falar.  Passam para o médium uma serenidade inconfundível.
Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior.  As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.
 Pretos-Velhos De Xangô
Sua incorporação é rápida como as de Ogum.
Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.
Passam seriedade em cada palavra dita.  Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.
 Pretos-Velhos De Iansã
São rápidos na sua forma de incorporar e falar.  Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas.
Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá.
Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa.  São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego.  É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.
 Pretos-Velhos De Oxossi
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.
Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.
Possuem uma especialidade:  A de  receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc...  São verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior "químico" - Oxossi.
Pretos-Velhos De Nanã
São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda.  Lenta e muito pesada.  Enfatizando ainda mais a idade avançada.
Falam rígido, com seriedade profunda.  Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu julgamento é severo.  Não admite injustiça.
Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca".  Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral.  Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.
É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso karma, pois isso sem dúvida é a sua função.
Atuam também como os de Inhasã e Obaluaiê, conduzindo Eguns.
 Pretos-Velhos De Obaluaiê
São simples em sua forma de incorporar e falar.  Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral.
Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também.  Pois entendem que a correção é uma forma de amar.
Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-Velhos.  Ou seja,  se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento.
Como trabalha para Obaluaiê, e este é o "dono das almas", esses Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos.
Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes.  Tanto pessoal como profissional e até espiritual.
Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos.
Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.
 Pretos-Velhos De Yemanjá
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade.  Sua fala é doce e meiga.
Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares.
PretoVelho2Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as mulheres que desejam engravidar.
Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes.

Pretos-Velhos De Oxalá
São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos.
Raramente dão consulta, sua maior especialidade é dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos.
Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, bom corpontamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios, humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.

adorei as almas, saudação aos nossos ancestrais

   ORAÇÃO AOS PRETOS VELHOS
Preto Velho
Carreteiro de Oxalá
Bastão bendito de Zâmbi
Mensageiro de Obatalá

Meu pensamento eleva-se ao teu espírito e peço Agô.
Que tuas guias sejam o farol que norteie minha vida,
Que vossa pemba trace o caminho certo para todos os meus atos,
Que vossas palavras, tão cheias de compreensão e bondade, iluminem minha mente e meu coração,
Que teu cajado me ampare em meus tropeços.

Ontem te curvastes aos senhores…
Hoje, ajoelho-me aos teus pés pedindo que intercedas junto a Oxalá por mim e por todos que neste momento clamam por vós.
Maleme e paz sobre meu lar e que a luz divina de Obatalá se estenda pelo mundo,
E que o grito de todos os orixás sejam o sinal de vitória sobre todas as demandas de minha vida.
Maleme as almas.
Maleme para todos os meus inimigos, para que saiam do negrume da vingança
E encontrem fonte fecunda e clara do amor e caridade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

alguma coisa do extenso idioma yorubá , claro que não quero ensinar, so ajudar


Rápido Esclarecimento sobre o Idioma
Iorubá
O iorubá é um idioma que já era falado na Nigéria e em
algumas regiões próximas ao Golfo do Benin quando os colonizadores
ingleses e franceses aportaram no continente africano. É uma língua tonal
que leva em consideração não somente o som, mas também o tom de cada
palavra. Foi escrita pela primeira vez, no século XIX, por missionários, pois
até então os habitantes daquela região não possuíam uma língua escrita. Seu
vocabulário
é constituído de 25 letras, a seguir:
a, b, d, e, e, f, g, gb, h, i, j, k, 1, m, n, o, o, p, r, s, s, t, u, w, y.
Os sons são pronunciados: a = a
b, d, f, 1, m, n, s, t, = pronunciadas como em português
e = é, como em medo
e = e, como em teto
g = tem sempre um som gutural (ga), nunca é pronunciado como em
gesso e giz
gb = pronunciado g e b simultaneamente
h = aspirado
i = i
j = dj
k = substitui a letra c antes de a/o/u, e substitui o qu antes de e/i
o = ô, como empoça
o — o, como em cobra
p = pronunciado como kp em início de palavras
r = tem a pronúncia de r entre vogais
s = eh, como em chapéu
u = u
w = u